Conheça um pouco da história de Manoel de Souza Martins, o Visconde da Parnaíba.
Manoel de Souza Martins era um homem de gênio forte, político habilidoso e dado a muitas paixões. Casou-se, em primeiras núpcias, com uma prima, dona Josefa Maria, mulher devota, dama de primeira hora e mãe de três filhos que teve com o barão. Contudo, mesmo sendo esposa do ilustre varão, Josefa precisou cerrar os olhos para os arroubos extraconjugais de Manoel. Entre esses casos, o mais notório foi com a jovem Mariana Joaquina Barbosa, com quem ele teve seis filhos.
A sociedade da época, em sua conveniência, preferia fingir que nada via. Nem mesmo a Igreja, sempre tão severa, ousava brandir a faca contra as aventuras amorosas do político mais célebre da cidade. Era um amancebado público, e ainda assim, todos se calavam, como se a força de Manoel sobrepujasse qualquer norma.
Na década de 1840, já elevado ao título de Visconde, Manoel era um septuagenário viúvo. Não tardou a casar-se novamente, desta vez com Maria Benedita Dantas, também viúva e vinte e oito anos mais jovem. Benedita fora esposa de João Barbosa de Carvalho, mas o novo enlace trouxe consigo mais conflitos do que celebrações. A filha e os herdeiros de Manoel não viam com bons olhos a união, especialmente quando o visconde nomeou Benedita meeira de seus bens. Essa decisão acendeu uma disputa que estampou os jornais de São Luís, em manchetes de brigas familiares.
O Visconde faleceu na década de 1850, deixando Benedita mais uma vez viúva e, desta vez, com o título de Viscondessa. Um feito notável para uma mulher vinda dos sertões profundos do Piauí, onde o eco das grandezas do Império soava distante.
Benedita viveu até os 76 anos, falecendo em 1871. Dizem que os herdeiros do Visconde, rancorosos, se recusaram a sepultá-la ao lado do marido. Coisas de família, dizem. Mas, ao menos em sua partida, Benedita garantiu que sua vontade fosse respeitada: libertou quatro de seus escravos – Antônio, Francisco, Isabel e Jacinta.
Restaram histórias. Restaram descendentes. Essa trama de vivências, casamentos, relacionamentos extraconjugais e disputas familiares gerou uma descendência numerosa. Contudo, muitos dos descendentes, ao longo do tempo, talvez desconheçam as intrigas e paixões que marcaram a história de Manoel de Souza Martins, um homem cuja memória está intrinsecamente ligada às dinâmicas sociais e políticas de uma Oeiras sempre viva.
Autoria: Júnior Vianna
Historiador e membro do Instituto Histórico de Oeiras
👉 Indicação de livro para leitura que fala a fundo sobre a vida e história de Manoel de Souza Martins (o Visconde Parnaíba/ o Né de Souza):
Vaqueiro e Visconde- de José Expedito Rêgo (1 de junho de 1928 a 31 de março de 2000, 71 anos).
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