Tribunal da Inquisição no Mocha: Solicitação, amancebamento, fuxicos e bruxarias - Blog do Weslley Boy Tribunal da Inquisição no Mocha: Solicitação, amancebamento, fuxicos e bruxarias

Tribunal da Inquisição no Mocha: Solicitação, amancebamento, fuxicos e bruxarias

Tribunal da Inquisição no Mocha- Solicitação, amancebamento,  fuxicos e bruxarias-júnior vianna
Tribunal da Inquisição no Mocha 

Conhecida pela insígnia de Capital da Fé, a titulação sacra proveniente de suas tradições junto a Liturgia Católica nem sempre foram de orações contriciosas e procissões, refuta tal premissa as pesquisas realizadas pelo antropólogo e historiador Luiz Mott que trás a luz da história práticas e credos um tanto quanto nefasto aos olhos e as dogmas clerical do catolicismo.

Mas antes de quaisquer julgamentos ou analise das ações da inquisição no Brasil profundo, façamos aqui a seguinte ponderação; a colonização dos sertões de dentro deu-se de modo bastante tardio, além do mais, por se tratar de uma região distante das cidades mais opulentas nem sempre contou com o devido apreço da Coroa, tornado assim, o repositório de práticas comuns da miscigenação, sobretudo no universo religioso, algo comum nos dias atuais por meio das rezas das benzedeiras, uso de patuás e orações dos curandeiros. Nos aspecto social, a falta de religiosos ou mesmo a carência sexual, muitos foram os relacionamentos sem o devido sacramento, julgados de amancebos ou concubinatos, além dos mais quentes que gozavam da bigamia.

Pois bem, dos muitos casos pontuados pelo jesuíta Manoel da Silva, missionário pedâneo que esteve na então Vila da Mocha no ano de 1758, faço aqui a reserva de três fatos que adormeceram na Torre de Tombo em Portugal e que com o tempo foram aos poucos sendo apagados da memória coletiva dos mais antigos.

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Igreja de Nossa Senhora da Vitória. Oeiras-PI


A priori, façamos relato do crime cometido pelo Padre Antônio Henriques de Almeida Rego, natural de Portugal e que fez morada na primeira vila piauiense, aonde foi acusado de quebrar Múnus religioso, haja vista não guardava os segredos relativos às atividades do Santo Ofício, fazendo anúncio das mensagens que a Inquisição lhe enviava de Lisboa – conduta muito grave, pois todos os negócios inquisitoriais eram cercados do maior segredo. Deve ter fica o dito pelo não dito, massificando a ideia que a primaz vila do Piauí parece desde sempre ter vocação para o fuxico, tradição heráldica.

Mais graves foram, contudo as acusações com relação à efetivação de bruxaria na Vila do Mocha, e como se não bastasse, o uso o templo da freguesia para ritual de feitiçaria. Como assim consta nos documentos da inquisição, relata-se que a mestre feiticeira Mãe Cecília Rodrigues no propósito de graduar outras mulheres, lhes induziam a práticas infaustas, como esfregar suas nádegas nas portas da Igreja Matriz e tão logo serem conduzidas a um local onde se encontravam pessoas enterradas chamado de Enforcado. Tal ato foi descrito por Joana Pereira de Abreu, escrava à época com 19 anos e já residente da fazenda Cajazeiras distante umas setenta léguas da Vila do Mocha. A indagada chegava afirmar que em companhia de outras mulheres, mesmo distante, migravam para o citado lugar do enforcado, onde ali em orgias faziam os mais variados atos diabólicos.

Não se sabe ao certo que destino foi dado a essas mulheres após denuncia tão intensa. Pouco provável tenham sido queimadas, distante do reino era muito oneroso fazer as devidas transferência para serem queimadas nos Autos de Fé. Quem sabe seus infortúnios fossem ser queimadas pelos raios solares dos sertões de dentro. O padre jesuíta de certo apenas registrou o caso, que passou a integrar o Livro do Promotor da Inquisição, embora não costumasse ser benévolo com bruxas ou infâmias anticristãs.

Por fim é preciso fazer relato da denúncia ao padre Eusébio dos Prazeres, franciscano, que pecou e assediou por meio de seu próprio sobrenome, quando este raiou nos seios de uma paroquiana e meteu a mão por debaixo da saia de outra. O certo é que o religioso foi acusado de crime de solicitação, quando os padres confessores incorriam no assédio às suas filhas espirituais no confessionário ou em torno do sacramento da Confissão. Feito as denúncias e por o finalizado o julgamento, tempo perdido, o frade libertino já tinha falecido sendo sepultado junto ao altar de Santo Antônio na Matriz da Mocha, ano de 1756, o tempo foi omisso e fez o mesmo ser apagado da lembrança e até mesmo do velho templo.

São narrativas como estas avivadas pelo Luiz Mott, que nos causa ainda mais inquietação em saber de uma Oeiras cheia de historíolas e personagens que enriquecem as páginas de um cidade com mais de três séculos de histórias e estórias espalhafatosas.

Autoria: Junior Vianna – Professor e membro efetivo do Instituto Histórico de Oeiras


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