Eterna arte, escrito por Carlos Rubem
Carlos Rubem Campos Reis |
Na minha meninice — ainda hoje — a casa do vovô Joel era o meu paraíso. Por lá passava o dia todo brincando sob os cuidados dos meus familiares. À noite, ora me recolhia com vovó Bembém, ora com Mãe Ó (Aurora), Mãe Ice (Alice).
Outras vezes ia dormir com os tios Gerson (1934 - 1973) e Antônio Nogueira Campos, no quarto deles, quando não estavam na esbórnia, notívagos que eram.
Havia altos papos. Antes de cairmos nos braços de Morfeu, a conversa sempre descambava para assuntos literários.
Cada um declamava autores preferidos. Gerson, gostava de Augusto dos Anjos; Antônio, Castro Alves, e tantos outros vates.
No seu “Soneto para duas mulheres magras”, Gerson dá uma pista da sua admiração pelo famoso poeta paraibano, de estilo hermético, como se vê do primeiro quarteto:
“Mefistofélico capricho da genética,
talvez impostos pela lei da problemática,
penetram célere no mundo da estética,
e tudo afeiam em sequência matemática”.
Antônio sabia recitar “Navio negreiro” de cor, com voz empostada, expressiva gesticulação, performance dramática, enfim.
Um ponto em comum entre os manos: a produção poética do Nogueira Tapety, tio materno de ambos.
A obra “Nogueira Tapety - Vida e Obra”, por mim organizada, saiu do forno há pouco. Conta com a apreciação crítica dos Professores Luís Romero (Teresina) e Daniel Erhmann Trevisan (EUA). Será lançada na 21ª edição do Salão do Livro do Piauí - SALIPI, em meados de agosto vindouro, data não definida, ainda. Patrocínio: Fecomércio ( Valdeci Cavalcante) e Amostragem (João Batista Teles).
Não obstante, os livros já se encontram, ante a procura de muitos, à venda, aqui em Oeiras e nas Livrarias Anchieta e Entrelivros, em Teresina, a preço acessível: R$ 30,00.
Fiquei feliz em ver os exemplares expostos naquelas lojas especializadas. Bom como saber que tio Campos (Antônio) está lendo o aludido livro com vivo interesse.
Toda verdadeira obra de arte é eterna!
Por: Carlos Rubem
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Crônica