E nosso bate- papo da #SérieCultura no Blog do Weslley Boy é com o agitador cultural, Professor, poeta, cronistas, jornalista, amante dos esportes (em especial ao Vôlei), dono de uma personalidade ímpar... estamos falando dele, Lameck Valentim!
Acredito que você já tenha ouvido falar dessa personalidade. Pense num caboco arretado! Vou citar só um de seus jargões: "Eita Oeiras que tem coisa!"
E agora, já reconheceu, né? rs Pronto! Vamos prosear com ele mesmo.
Teríamos muitos assuntos a serem tratados em nossa conversa, mas aqui abordaremos, com maior ênfase, no que diz respeito a Cultura do Teatro. As artes cênicas.
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Acompanhe essa nossa entrevista!
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Vamos à entrevista...
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Vamos à entrevista...
1. Vamos começar da seguinte maneira, por favor, diga aos
leitores do Blog do Weslley Boy, quem é Lameck Valentim?
Sou um jovem oeirense que
ama sua terra, que já rodou por diversas paragens, mas tem Oeiras como seu
porto seguro. Sou de conhecida família oeirense, que muito me honra e orgulha.
Tenho 44 anos, professor por formação, jornalista de profissão. Firme, forte,
destemido, seguro no que pensa e fala.
Lameck Valentim- Representante da Cultura do Teatro- Oeiras-Pi |
2. Lameck, diga-nos como se deu sua aproximação com a
cultura popular, em especial ao Teatro? Se possível, cite grupos dos quais já
tiveram sua participação.
Sempre estive ligado a
arte e cultura de Oeiras e desde cedo, ainda criança comecei a fazer teatro
participando de peças teatrais na Igreja Batista, onde cresci. Já na
adolescência, ingressei no teatro amador no FOTA – Fundação Oeirense de Teatro
Amador, dirigido por Lindomar Sousa e Jônatas Valentim. Anos depois, já morando
em Teresina, me envolvi com a cena cultural da capital, integrando alguns
grupos, fazendo cursos e oficinas. Ao retornar a Oeiras criei com alguns amigos
o Independência Projeções Artísticas, o Grupo IPA de Teatro, que sem sombra de
dúvidas foi a maior manifestação do teatro oeirense em todos os tempos, em que
participamos de festivais em vários estados do Brasil, sempre com muito
destaque. Depois de um tempo passei a morar em São Paulo, onde em meio a
diversas atividades, procurei aperfeiçoar os meus conhecimentos teatrais, com
aula, oficinas e cursos rápidos. Ao retornar a Oeiras, reassumi a direção do
Grupo IPA onde fizemos ainda algumas montagens de A Paixão de Cristo e, depois
por diferença de pensamentos, deixei o grupo e criei a Companhia Teatral Os
Apresentados, onde realizamos uma montagem de O Pequeno Príncipe do Sertão,
projeto este que foi patrocinado pelo Ministério da Cultura.
A Paixão de Cristo- Lameck Valentim |
Vivemos um momento de subcultura. Boa parte dos
nossos jovens não sente interesse pela boa música, pela literatura e menos
ainda pelo teatro. Nossos jovens, em sua grande parte, curtem atrativos
supérfluos que nada podem agregar a sua formação cultural e até mesmo como
cidadãos. Basta olharmos as músicas que ouvem, que a maioria depreciam a
mulher, faz apologia a drogas e crimes, que nada trazem que possa agregar
conhecimento. E o teatro vem na esteira disso, até mesmo por que nunca foi uma
das manifestações artísticas mais valorizadas, e voltando o olhar para nossa
cidade, em alguns momentos tivemos patrocínios, havia um tímido fomento ao fazer
teatral, algo que fazia com que alguns jovens sentissem prazer em estar nos
palcos. Faltando incentivo, falta tudo!
4. Na cidade de Oeiras, já tivemos alguns grupos teatrais
com uma expressividade enorme aqui em nossa região. Podemos citar grupo que
antes encenava a tradicional Paixão de Cristo em locais públicos da cidade. O
que será que possa ter levado ao esquecimento?
A bem da verdade, o grupo de maior
expressividade e projeção foi o Grupo IPA de Teatro. Tiveram outros, mas nem de
longe fazem sombra ao que representou o IPA. Tenho a felicidade de ter
realizado, belíssimos e premiados espetáculos, que depois do IPA não mais
existiram em Oeiras. Além de espetáculos, como A Casa dos Espíritos (o mais
premiado), As Bruxas de Sario, Apocalipse, Barrela, dentre muitos outros,
fizemos 14 edições de A Paixão de Cristo
em Oeiras, juntamente com um pessoal que fazia tudo por amor. Foram anos
trabalhando com a parceria de Wellestron Martins, que era o produtor e um dos
nossos maiores artistas e um super elenco, formado por grandes atores, atrizes
e técnicos maravilhosos, em sua maioria formados por mim e outros da minha
geração. Quanto A Paixão de Cristo começamos fazendo parte do elenco de A
Paixão de Cristo de Floriano, quando o grupo Escalet ainda fazia suas apresentações de forma
itinerante. Fizemos apenas um ano, pois logo percebi que tínhamos condições e
talentos para montarmos nosso espetáculo sozinhos. Chamei Wellestron, que
sempre tomou à frente das nossas produções, falei da ideia, e ele logo topou e
chamamos nossos atores e daí nasceu o espetáculo que durante muito tempo
tivemos total apoio dos prefeitos durante os anos que realizamos. Todavia, com
o passar do tempo, esse apoio, foi ficando escasso, até acabar e tornar-se
inviável nosso projeto, pois fazíamos teatro de verdade, não era apenas acender
uma luz e esticar um pano e dizer que era cenário. Eram super produções, com
figurino bem elaborado, cenários pintados por artistas, iluminação profissional
que trazíamos de Teresina, artistas de outras cidades como convidados. Sem
patrocínio, não aceitamos fazer um espetáculo fora do nosso padrão, com o nível
do grupo IPA e, eu particularmente, se não for pra fazer algo bem feito, eu não
faço. Com o final das montagens pelo Grupo IPA, um jovem amigo que aprendeu
muito comigo, chamado Agivanildo Silva ainda montou algumas edições, depois também
deixou por conta de desentendimentos com seus produtores. Um outro grupo se
formou e ainda tentou montar, mas infelizmente, é algo que não teve sequência.
Como disse, não basta esticar um pano, acender uma lâmpada e jogar uma música
de qualquer filme para se dizer que está fazendo teatro.
5. Lameck, o que representa o teatro
para você?
Sou
adepto de um teatro contestador, um teatro que interroga. Quem assistiu aos
nossos espetáculos, sabia que iria ver algo inquietante. Acredito que a arte
tem o poder de moldar, de transformar muita coisa, provocar catarses, aperfeiçoar
valores, mudar comportamentos, o teatro
é vida. Fui muito feliz durante os anos de Grupo IPA de Teatro e com a
Companhia Teatral Os Apresentados. Conquistamos prêmios em todos os festivais
que fomos, nos tornamos referência no Piauí. Individualmente conquistei todos
os prêmios a que concorri desde como ator, diretor, dramaturgo a iluminador.
Foram mais de 80 premiações do grupo e 38 premiações individuais.
Infelizmente
o teatro deixou de despertar em mim, todo esse tesão que sentia. A falta de
apoio, a falta de leis de incentivo à cultura foi minando o prazer que sentia.
Tenho algumas peças inéditas que seriam sucesso, mas não sinto a menor vontade
de voltar aos palcos. Espero que as luzes possam voltar a acender, mas no
momento, minhas cortinas estão fechadas.
6. Lameck, é válido ressaltar que
o teatro desenvolve diversos benefícios importantes para o desenvolvimento
humano. Como por exemplo, sua forma de expressão. Para você, qual é a
importância de se trabalhar as artes cênicas junto as crianças?
O
teatro tem uma importância enorme na vida de todos e em diferentes faixas
etárias. Para as crianças, é de uma importância fundamental na formação das crianças, podendo
colaborar para que tenham oportunidade de atuar efetivamente no mundo,
opinando, criticando e sugerindo e, também ajuda a desenvolver alguns aspectos
como a criatividade, coordenação, memorização, e vocabulário
7. Para você, qual a
importância de valorizar nossa Cultura Popular?
Sou
adepto e defensor da cultura popular. Ela é fundamental
para a construção e transmissão de sua história.
É uma pena que a nossa sociedade, e em
Oeiras não é diferente, a sociedade enalteça a cultura erudita em detrimento da
popular, seja pela dominação de uma classe elitista ou pseudo elitista, seja
pela comercialização cultural. Fico triste quando vejo grupos da cultura
popular se apresentarem com figurinos improvisados, meramente por falta de
apoio, enquanto temos apresentações mal feitas que recebem grande apoio
simplesmente para dizer que estão fazendo. Mas tudo isso é reflexo dessa
política nefasta de valorização das elites, que impõe
sua cultura aos demais. Pierre Bourdieu já dizia que há na sociedade, uma
violência simbólica , ou seja, determinados grupos de poder impõe os padrões e
os dominado aceitam essa imposição de maneira natural. E com isso vemos
claramente que esses grupos dominantes exercem sua influência na cultura
brasileira, e na cultura local contribuindo para que esta seja pouco
prestigiada em relação a cultura apreciada por uma falsa elite. Seria muito
bom, que nossos gestores voltassem o olhar e reconhecimento às práticas
populares, que sobretudo, refletem nossa história.
8. Além de grande
representante nas artes cênicas você também é Professor. Fale-nos um pouco
sobre sua profissão. Quando começou sua paixão pela docência?
Tive
a oportunidade de fazer diversos cursos, mas optei pelo magistério. A
oportunidade de partilhar conhecimentos sempre me fascinou e fascina. Sou
professor por amor. Nunca tive dúvidas qual profissão seguir. Comecei muito
cedo, logo após terminar o curso Magistério, na Escola Normal Presidente
Castelo Branco que foi de extrema importância na minha vida. Antes, durante o
estágio no Colégio Jean Piaget, tive a oportunidade de ficar além do previsto,
devido a enfermidade de uma professora. Ali já senti que a sala de aula seria o
meu espaço de realização. E desde então, já se passaram 23 anos de dedicação e
amor ao magistério, atuando com Ensino Médio e Superior. Embora tenha formação,
não me apetece trabalhar com Educação Infantil e/ou Fundamental.
10. Lameck Valentim, além
de produtor cultural, você também é cronista, poeta, professor e jornalista.
Digamos que seja uma pessoa multifuncional.
Ainda
comando um time de vôlei rsrsrsrs. Pois bem, durante a minha infância era
hiperativo. Tudo foi controlado, mas mesmo crescendo sempre procurei estar
ocupado, não gosto de ficar sem nada fazer. Até mesmo em momentos de lazer,
fico tendo ideias. Minha cabeça tem horas que fervilha de imaginações e tento por
em prática algumas dessas ideias, em especial com as letras. Amo escrever! E
foi esse amor às letras, nascido em casa, com meu pai/avô incentivando a
leitura, na Igreja Batista durante a Escola Dominical e posteriormente com o
teatro, que me fez decidir cursar Letras. Nesse tempo, em 1998, iniciou o meu
flerte com o jornalismo que terminou numa união muito bem sucedida. Tive dois
grandes amigos que me abriram às portas para o jornalismo que foram o Edvaldo
Gomes e Pedro Isidório que me levaram para a Rádio Vale do Canindé, onde assumi
a redação dos jornais da emissora e fiquei por um tempo. Já atuei também na
Primeira Capital e numa rádio comunitária que tinha no bairro Rosário e que
agora não recordo o nome e atualmente estou na Rádio Meio Norte, afastado
temporariamente por conta da pandemia e sigo firmo e forte há 12 anos com o
Mural da Vila e sempre me dedicando e procurando fazer bem tudo aquilo a que me
proponho.
11. Num mundo tão
conturbado em que vivemos, com jovens seguindo caminhos inimagináveis (no mundo
das drogas, violência, etc), qual o seu recado à nossa juventude?
Tem
tantas coisas que gostaria dizer... Mas digo que honrem seus pais. Honrar pai e
mãe é o caminho para ter sucesso na vida. E vivam com intensidade, com temor a
Deus e respeito ao próximo e a si mesmo.
Pergunta brinde: 2020 é o
ano das eleições municipais. E nossa
Câmara Municipal precisa, urgentemente, de renovação. Se você, Lameck Valentim,
fosse pré-candidato a Vereador, por exemplo, quais seriam suas principais
propostas de campanha?
O ideal seria se houvesse
100%de renovação na nossa Câmara Municipal, votando principalmente em
candidatos que morem aqui e não venham apenas participar das sessões às
segundas. Mas infelizmente o poder do dinheiro ainda é maior que os bons
projetos para a nossa cidade. Se fosse (coisa que nem passa mais por minha
cabeça) candidato a vereador, meu foco seria cultura, educação e esporte, pois
creio nestes, como ferramentas para transformação social.
Encerramos aqui nosso
bate-papo com o senhor Lameck Valentim, produtor cultural da cidade de Oeiras,
com o grupo de teatro. Nosso muito obrigado por sua participação. Caso tenha
algo a mais a falar, que não foi mencionado, por favor, sinta-se à vontade.
Só gostaria de mencionar algumas pessoas importantes nessa trajetória teatral, como Durvalina Mendes, Ceiça França, Arlete Sepúlveda, Ceiça França que juntamente comigo e Wellestron Martins fundamos o Grupo IPA. A grandes nomes que passaram pelo grupo, como Flávio Guedes (que orgulho dirigi-lo. Que ator!!) Renato Rodrigues, Vicente Monteiro, Josiana Costa, Josimar Sousa, Elisangela Pacheco, Jodileia Pacheco, Reginaldo Flash, Totonho Sousa, Miguel de Jerônimo, Washington Luiz, Zezinho Silva, Eduardo Marcelo, Socorro de Felão, Quitéria Almeida, Angella Lemos, Diogo Christian, Edgar Sousa, Ediceu Marques, Edmilson Mariano, Ana Costa, a saudosa Rita de Cássia, Adaljerry Ferreira, Edilberto Vilanova, Agivanildo Sousa, Marciel Bruno, Elton Barbosa, Eldemir de Castro, Raonne Torres Nádia Lima, Cleide e Ceicinha Madeira, Ludmyla Sousa, Vicente de Paula, Toinho Mocó, Romário Brito, Pompeu, Ylkilane e todos aqueles que quando convidados a participar de A Paixão de Cristo sempre estavam conosco. Posso ter esquecido alguns nomes, mas a todos minha gratidão. Rendo aqui meu reconhecimento a Wellestron Martins, um parceiro de muitas batalhas, muitas brigas, mas que sem ele, a história do IPA não seria de tantos sucessos.
Se você gostou da nossa entrevista COMPARTILHE! Fique ligado que vem mais #SérieCultura.
Abraços do WB!
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